Graduada em ciência da computação, ThaÃs Roland desiste de promissora carreira na área de TI para se dedicar a sua paixão por carros antigos.
Após atuar por 10 anos na área de tecnologia da informação, a paulistana ThaÃs Roland descobriu que, na verdade, sua grande vocação era "abrir o capô e mergulhar na graxa do motor dos carros antigos". Aos 28 anos, decidiu fazer um curso técnico em mecânica automotiva, o que a permitiria tornar seu sonho de infância realidade.
Esse encantamento pelo universo dos carros começou cedo. Quando ainda era criança, ela passava todas as tardes observando o avô pintar e fazer a manutenção dos veÃculos da famÃlia. "Achava aquilo incrÃvel. Ele montava e desmontava tudo e eu morria de curiosidade", recorda.
No curso técnico, ThaÃs aprendeu de tudo um pouco e provou para todo mundo que mecânica também é coisa de mulher. Criou o projeto Deixa que eu faço no Youtube, onde ela e mais dois amigos davam dicas de como manter um carro, fazer manutenção periódica e não ser enganado pelos profissionais da área.
Foram cerca de trinta vÃdeo postados no canal, o que despertou em Ricardo Oppi, engenheiro e dono de uma oficina de restauração, o interesse pela mecânica em potencial. "Eu senti muita verdade em seu trabalho. Ela tem todos os quesitos para ser uma ótima profissional: conhecimento, habilidade, honestidade e amor pela arte do auto antigo", conta o chefe de ThaÃs.
De acordo com o especialista em restauração de automóveis antigos, Pedro Bittencourt, esse ramo é movido por raridades de peças e de profissionais. "Normalmente, quem se encaixa nesse perfil são pessoas fascinadas por modelos clássicos. Ao adquirirem os seus, elas não encontram mão de obra barata e acessÃvel e acabam fazendo a manutenção em seus próprios carros", explica.
Além do dia a dia no trabalho, ThaÃs também desenvolve suas habilidades em seu carro. Há quase dois anos, comprou um abatido Maverick SL, ano 1975. Damien, como o Ford foi batizado, está sendo reformado por ela, do motor à parte elétrica. "Nesse tempo, investi muito tempo e dinheiro. Mas, mexer nele é uma terapia pra mim. Um laboratório de experiência e satisfação."
"Meu xodó"
Maverick sempre foi o modelo predileto de ThaÃs. Muito antes de comprar o seu, já havia tatuado o carro na lateral da barriga. Quando a oportunidade de ter um surgiu, as péssimas condições estéticas e mecânicas em que estava só fez com que ela se sentisse mais motivada em compra-lo. "Insisti incansavelmente até o dono antigo me vender. O carro nem andava direito. Foram meses até conseguir deixa-lo assim: o meu grande orgulho."
Hoje, Damien tem motor, sistema de ignição, elétrico e de alimentação novos. Já a parte externa, com a cor desgastada pelo sol, ThaÃs pretende deixar como está. Para ela, a lataria queimada diz muito sobre o carro e sobre a dona. "Esse Maverick tem personalidade. Um tem a cara do outro", comenta.
Em seu carro, o que mais fascina a jovem é o barulho do motor. "Sempre tive preferência por carros nervosos", brinca. "Os vizinhos me odeiam por causa dele. Chamamos a atenção em qualquer lugar", conta ThaÃs que passeia com o carro todos os Domingos na Av. Paulista só para ver a reação das pessoas.
O Maverick atrai olhares e ouvidos de todos na rua. Mas, foi no Tinder - aplicativo de smartphone que busca pessoas interessantes - que ThaÃs conheceu um rapaz que se tornaria seu namorado. A foto de perfil não era dela, mas sim do carro. "Isso foi determinante para ficarmos juntos. Descobrimos que tÃnhamos muita coisa em comum. A principal era a fascinação pelo mesmo modelo de carro", conta.
Em seu carro, o que mais fascina a jovem é o barulho do motor. "Sempre tive preferência por carros nervosos", brinca. "Os vizinhos me odeiam por causa dele. Chamamos a atenção em qualquer lugar", conta ThaÃs que passeia com o carro todos os Domingos na Av. Paulista só para ver a reação das pessoas.
O Maverick atrai olhares e ouvidos de todos na rua. Mas, foi no Tinder - aplicativo de smartphone que busca pessoas interessantes - que ThaÃs conheceu um rapaz que se tornaria seu namorado. A foto de perfil não era dela, mas sim do carro. "Isso foi determinante para ficarmos juntos. Descobrimos que tÃnhamos muita coisa em comum. A principal era a fascinação pelo mesmo modelo de carro", conta.
O namoro com o rapaz durou pouco mais de um ano. Mas, a mecânica não se abala, pois o relacionamento mais indestrutÃvel que tem é com o Damien. "Vou ficar para o resto da vida com esse carro. Casei com ele".
Disseminar conhecimento
Além de seu trabalho durante a semana e do "laboratório Maverick" nas horas vagas, ela também ensina mecânica no Clube do Carro Antigo do Brasil, que recebe doação de carros velhos. Lá, os alunos aprendem passo a passo de como restaurar um veÃculo. "Quando soubemos que terÃamos aula com uma mulher, ficamos chocados. Mas já no primeiro dia, ela calou a boca de todo mundo. Ganhou o respeito de todos", conta Rafael Torrano, comerciante e aluno de ThaÃs.
Por ser graduada em tecnologia da informação, ela poderia ter optado por trabalhar com manutenção de motores à injeção eletrônica. Porém, consertar um carro a partir de um computador não lhe traria tanto prazer como mexer com graxa e ferrugem. "Cerca de 80% do trabalho de restauração de automóveis antigos é feito artesanalmente. A mulher é mais detalhista do que o homem e acaba executando essas tarefas com mais capricho também", explica Ricardo Oppi.
Atualmente, a jovem mecânica ganha um terço do que recebia quando trabalhava na área de tecnologia da informação. Mas, hoje sente autonomia para realizar seus projetos e tem a chance de usar seus talentos para fazer o que realmente ama.
Por ser graduada em tecnologia da informação, ela poderia ter optado por trabalhar com manutenção de motores à injeção eletrônica. Porém, consertar um carro a partir de um computador não lhe traria tanto prazer como mexer com graxa e ferrugem. "Cerca de 80% do trabalho de restauração de automóveis antigos é feito artesanalmente. A mulher é mais detalhista do que o homem e acaba executando essas tarefas com mais capricho também", explica Ricardo Oppi.
Atualmente, a jovem mecânica ganha um terço do que recebia quando trabalhava na área de tecnologia da informação. Mas, hoje sente autonomia para realizar seus projetos e tem a chance de usar seus talentos para fazer o que realmente ama.
Texto de: Gentil Fernandes e das jornalistas Cindy Alvares, Mariana Paiva e Niviane Estavarengo.
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