VW 74 carrega lembranças do falecido Linneu e conta com o zelo de toda a famÃlia Godoy
Há quase seis décadas morando na mesma casa simples, no provinciano bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo, a aposentada Odete Aquilino Godoy, de 85 anos, não esconde sua paixão pelo antigo Fusca conhecido por todos da região.
Tal amor tem uma razão simples. Para ela, não se trata de um carro comum, mas do Volkswagen modelo 1974 que marcou a vida do marido, Linneu Godoy, que morreu há cinco anos. Por isso o automóvel se tornou uma extensão do companheiro, desde que o compraram em 1990. "Ele era aficionado pelo Fusca. Tivemos a oportunidade de trocá-lo, mas, para Linneu, esse modelo era um exemplo de carro forte e resistente", conta dona Odete.
Funcionário público aposentado, Linneu era "sistemático" - como a própria famÃlia o descreve. Os horários para comer, dormir e receber visitas deveriam ser rigorosamente respeitados. Com seu carro ele não era diferente. A mecânica do automóvel sempre esteve impecável. Jamais saia de casa se tudo não estivesse em perfeitas condições. "Ele era muito metódico, quadrado, mas justamente por isso me deixou muitas lembranças", diz com emoção a hoje herdeira do amor do marido pelo carro.
A quilometragem baixa prova que o fusquinha rodou pouco. A viúva conta que o marido sempre foi cauteloso com as viagens que faziam com o carro. "Ele só pegava estrada com tudo em ordem."
Linnneu era mais preocupado com a eficiência mecânica do Fusca do que com a estética. Por isso, não se apegava a caprichos como polimento, lavagens constantes ou adereços. O que importava mesmo eram as condições que o permitia sair de casa sem enfrentar dores de cabeça.
Na foto: Dona Odete e seu filho mais velho.
Manutenção
Hoje, Junior, como a famÃlia o chama, mora com a mãe e é quem toma todos os cuidados necessários para que a mais marcante memória do chefe da famÃlia Godoy seja preservada. Além de manter a mecânica impecável, como o pai fazia, o Fusca é lavado semanalmente e polido uma vez ao mês. "Deixar o carro assim nos remete ao momento em que ele chegou à famÃlia. Como se estivesse novo e, por um instante, lembramos do meu pai", explica o filho.
Após a morte de seu Linneu, a famÃlia levou meses para se desprender das regras e manias que ele tinha. Mesmo assim, Dona Odete sempre se destaca na região pela energia, bom humor e carinho que tem pelo Fusca. Segundo ela, além das fotos, nada faz com que ela se lembre tanto do marido como o carro. "Enquanto estiver viva, não irei me desfazer do nosso Fusca." O filho emocionado, coloca a mão esquerda no peito e acena a cabeça como se concordasse e complementasse a resposta da mãe.
Texto de: Gentil Fernandes (integrante do blog) e das jornalistas Mariana Paiva, Niviane Estavarengo e Cindy Alvares.
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