Amor

A nossa história

16:15Dayalla Dagort



Hoje foi um daqueles dias corrido, em que você só tem 15 minutos pra engolir a comida e voltar para o trabalho, desde que cheguei hoje sem duvidas foi o dia em que mais trabalhei. Depois que eu terminei tudo e fui liberada, eu subi pra ver o mar e admirar as estrelas. Deitei e ali eu comecei a imaginar minha vida, tinha você, tinha eu e outra vez eu e você viramos nós. Estávamos casados. Casamos em uma ilha, mas não foi na areia, foi no campo com o sol se despedindo de nós no fundo do mar e iluminando o altar. Era tudo lindo. Eu usava um vestido longo branco, tomara que caia, era justo em cima e vinha ficando solto em baixo, tinha uma cauda grande que conforme o meu caminhar ela brilhava por conta do reflexo das luzes nas poucas pedrinhas espalhadas por ela. 

O meu buquê era de rosas. Rosas vermelhas. Meu cabelo estava preso e com alguns fios soltos, igual quando nós começamos a nos encontrar na pracinha e você amava quando eu prendia daquele jeito. Claro, estava mais arrumado. Tinha uns pontos de luz que finalizava o penteado. Minha maquiagem era leve, apenas um pó, um batom, um lápis e uma sobra bem clarinha quase imperceptível. Porque você sempre dizia que eu era linda natural. Meu pai estava de braços dados comigo. O caminho que me levava até você, era coberto de rosas, brancas e vermelhas. E você estava lindo. Calça social preta, camisa clara, sem terno e um sapatenis. Sempre soube que os sapatos sociais apertavam os seus pés. E você sorria, feito bobo. Não ficava parado. Sempre mexendo alguma parte do corpo. Sua mãe chorando ao lado da minha e uma musiquinha suave (nada de tan tan tan) me levava até você. O padre nos abençoou. Estamos casados. Seguimos para o salão de festa. E atrás da mesa do bolo tinha um painel com fotos nossas. Desde a época que você usava calça vermelha e minhas amigas te chamavam de tiririca. Brindamos. Dançamos. Tiramos fotos. Comemos. Brincamos. E como num piscar de olhos, estávamos em um quarto. A cama era completamente de frente para a varanda. E lá fora existia uma praia linda. A lua iluminava o mar. Ela foi à testemunha do que aconteceu naquela noite. Somente ela. Você tirou meu vestido delicadamente enquanto admirávamos a lua. Beijando meus ombros. Eu usava uma lingerie branca. Rendada. O meu perfume era doce. O seu preferido. Virei-me de frente pra ti e comecei a desabotoar sua camisa, enquanto você acariciava minha pele. Nós nunca deixamos de nos olhar nos olhos e sorrir. Você usava uma cueca boxe branca. Tinha comprado em uma de suas viagens para o exterior. Ela era desconhecida pra mim. Nós nos amamos com a lua iluminando nosso quarto. Sim. Nós fizemos amor. Não existiam gritos. Nem tapas. Era delicado. Era amor. Estávamos sentados no meio da cama. Minhas pernas em volta da sua cintura. E as suas envolta da minha. Nós dávamos carinho um ao outro. Nossos olhos brilhavam. E a gente sorria. Adiantei meus pensamentos e fui mais além. 

Era um domingo. Dia dos Pais. E você estava em um almoço de negócios. Era sobre uma tese que você e os outros doutores estavam discutindo. Embora eu desconfiasse, só fui ter certeza nesse domingo que seria mãe. Sai do consultório com o exame em mãos. Parei em uma lojinha de bebê e comprei um sapatinho. Coloquei dentro de uma caixa e atrás do exame eu escrevi: “Feliz Dia dos Pais, Papai”. Coloquei o sapatinho em cima do exame e embrulhei a caixa. Fui até o restaurante que você estava e pedi para que um garçom te entregasse. Eu estava na porta observando sua reação. Você fez aquela cara de: vish pra mim? Rsrsrs’ e o seu almoço acabou naquele momento. Você abriu a caixa. Viu o resultado do exame. Colocou os sapatinhos no dedo e disse para o restaurante inteiro ouvir que iria ser pai. O garçom mostrou onde eu estava e você foi correndo até lá. Me abraçou. Me segurou. Me girou. Se ajoelhou. Começou a beijar minha barriga. E você não sabia se ria ou se chorava. E só sabia dizer: eu vou ser pai mano. Você levantou e me deu um beijo que nem eu esperava. E acabou assim. Eu sentei. Sorrindo. Peguei um bloquinho e uma caneta no meu bolso. E comecei a escrever tudo que você esta lendo agora. 

A minha história. A nossa história. E quem sabe um dia a história que iremos contar para os nossos filhos.


You Might Also Like

0 comentários

Obrigada por deixar seu comentário.
Elogios, criticas e sugestões sempre são bem vindos!

Formulário de contato